quinta-feira, 6 de junho de 2013

A mulher do manto vermelho



Cai em mim a voz do trovão
Rasgando minhas vestes,
Despindo minha dignidade...
Fico presa a um canto,
Nua, envergonhada
Sentindo olhos recriminantes sobre mim
Tento ver seus rostos mas nada vejo senão vultos escuros e suas sombras
Dançando entre si na escuridão...

Um perfume intoxicante inunde o meu cérebro
Acordo sobre pedra gélida,
Completamente acorrentada...
Vejo alguém a vir na minha direcção
Trajando uma capa vermelho sangue com capuz a tapar-lhe o rosto...
Começa a falar uma língua estranha, antiga...
A voz que paira é de mulher e tão minha familiar...
A mulher abaixa o capuz, revelando por fim o seu rosto e cabelos...
Seus olhos encaram os meus...

Petrifico!!! A mulher é o meu próprio reflexo,
Apenas com expressões faciais ligeiramente diferentes...
Como se outra pessoa possuí-se o meu corpo
E a sua personalidade mudasse ligeiramente o meu rosto e postura...
A mulher retira um punhal trabalhado com o que parecia serem ossos e pedras...
Profere palavras estranhas e perfura a minha pele com a lâmina fria como gelo...
Olho para o tecto e saio do meu corpo...
Revendo-o a esvairar-se em sangue...
E aquilo que pensei de se tratar de alguma espécie de ritual
No qual tinha sido sacrificada...
Aí percebi tudo...

Quem eu fui...já não sou mais...eu sou a rapariga do manto...
E o corpo que ali jaz na pedra foi o meu passado que matei...
Como se tivesse alimentado o meu alter ego,
Deixando para trás uma pequena parte outrora minha...
E eis que criei esta nova pessoa...
Ainda tão estranha aos meus olhos...
Tão doce como mel,
Tão forte como aço...
Como se fosse feita de fogo e água ao mesmo tempo...
Esta é uma nova era...
E eis que nasce a Selene Von Nyx, meu alter-ego

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